Textos de catálogos de Exposição
Cada traço pode ser olhado de múltiplas formas.
Assim, cada quadro é o despertar para uma realidade de descobertas para além do consciente. A luz, a forma e a cor transportam-nos para um número (in)finito de construções que apenas cada um pode percepcionar. Em cada ponto visionamos um equilíbrio expresso nos modelos. Aqui não temos que olhar o que nos é comum mas o que nos conduz a uma visão mais lata de tudo quanto nos rodeia. Cada pintura é mais do que aquilo que conseguimos fotografar. É aquilo que nós queremos em cada momento. É o que se pode ver naquilo que cada tela apresenta.
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Vinte Anos de Pintura
Escrever sobre os meus vinte anos de exposições é quase como abordar metade da minha vida. Durante muitos anos, sonhei com tal momento. Finalmente aqui estou com mais uma exposição. Sei que é apenas uma pequena mostra do meu trabalho. Não sendo uma retrospectiva, sinto que é um marco importante. O ano de 2008 foi muito especial, o de uma viragem no que respeita aos lugares e sítios onde me foi possível mostrar o meu trabalho. Com a internacionalização da minha pintura, já vista nos quatro cantos do mundo, só poderia voltar a fazê-lo no mesmo lugar que há quinze anos me levou, pela primeira vez, ao estrangeiro, na Pousada Rainha Santa Isabel, em Estremoz.Hoje, sinto que a pintura não é um complemento na minha vida, mas parte integrante dela. Os momentos bons e outros são passados a equacionar e executar cada trabalho. O melhor momento é quando se a conhecer uma obra e se recebe a critica de mãos abertas, como se estivesse a receber escola. Se digo muitas vezes que estou “sempre a aprender” não posso deixar passar mais este momento sem deixar uma palavra de agradecimento a todos os que me têm apoiado nesta caminhada, porque este percurso é que me tem lavado a evoluir na pintura. Não sendo fácil ser artista em Portugal, procuro conviver com esse facto sem angústias porque acredito que, um dia, todos ficaremos mais “ricos” se apostarmos na Cultura e nas pessoas, que são muitas, pensando que o caminho é sermos fonte de saber. Saber que não deve ser exclusivamente nosso, mas transmitido.Um agradecimento especial ao Paulo Garcia em nome das Pousadas de Portugal; à Câmara Municipal de Estremoz, na pessoa do presidente e vereador da cultura; ao Orfeão Tomaz Alcaide, através da sua direcção, maestro e todos os elementos que o compõem; e, ao maestro José Raimundo e João Bandovas .
Escribir sobre mis veinte años de exposiciones es casi como 0 abordar la mitad de mi vida. Durante muchos años soñé con este momento. Finalmente aquí estoy con una expo lugares y sitios donde me fue posible mostrar mi trabajo. Con la internacionalización de mi pintura, ya vista en los cuatro rincones del mundo, solo podría volver a hacerlo en el mismo lugar que hace quince años me llevó, por primera vez, al extranjero, en la Pousada Rainha Santa Isabel, en Estremoz. Hoy siento que la pintura no es un complemento en mi vida, sino parte integrante de ella. Los momentos buenos y otros han pasado a analizar y ejecutar cada trabajo. El mejor momento es cuando se da a conocer una obra y se recibe la crítica con las manos abiertas, como si estuviese a recibir magisterio. Si digo muchas veces que estoy “siempre aprendiendo”,no puedo dejar pasar más este momento sin mostrar una palabra de agradecimiento a todos los que me han apoyado en esta andadura, porque es este recorrido el que me ha llevado a evolucionar en la pintura. No siendo fácil ser artista en Portugal, procuro convivir con ese hecho sin angustias, porque creo que, un día, todos acabaremos más ricos si apostamos por la Cultura y las personas, que son muchas, pensando que el camino es que lleguemos a ser fuentes del saber. Saber que no debe ser exclusivamente nuestro, sino trasmitido.
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O DESCREVER IN CONSCIENTE
Cada traço pode ser olhado de múltiplas formas.Assim, cada quadro é o despertar para uma realidade de descobertas para além do consciente.A luz, a forma e a cor transportam-nos para um número (in)finito de construções que apenas cada um pode percepcionar.Em cada ponto visionamos um equilíbrio expresso nos modelos.Aqui não temos que olhar o que nos é comum mas o que nos conduz a uma visão mais lata de tudo quanto nos rodeia.Cada pintura é mais do que aquilo que conseguimos fotografar. É aquilo que nós queremos em cada momento.É o que se pode ver naquilo que cada tela apresenta.
Carlos Godinho Fev 2009
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Carlos Godinho é um dos artistas plásticos estremocenses mais activos na actualidade. É relevante a sua incessante pesquisa de novos locais em solo nacional ou internacional, para apresentar ao público os seus trabalhos. Consegue assim ter várias mostras a decorrer ao mesmo tempo e grande períodos de tempo! Com os seus quadros e como este meu amigo diz - “Atrás de mim levo o nome de Estremoz” – facto indesmentível e que vinca o apego que tem à terra que o viu nascer e onde trabalha.
Numa primeira observação, verifica-se de imediato que a obra de Carlos Godinho se insere num evidente aproximar dos trabalhos em tela de Salvador Dali. Este aproximar reflecte-se não só na forma de apresentação temática, mas também na explanação sobre a tela das figuras e objectos, pintados segundo características “dalilianas”. Situação particularmente interessante para os conhecedores.
Sou daqueles que considero positiva a atitude de “discípulo” que alguns artistas plásticos têm, relativamente a autores marcantes na história de arte mundial, desde que assumida. Carlos Godinho não o esconde, até o demonstra e vinca sempre que pode. Ser discípulo significa seguir conscientemente não só a Escola preconizada pelo Mestre, mas também marcar a nossa individualidade enquanto artista. Carlos Godinho representa bem o que afirmo.
As telas em exposição são obras que nos mostram o momento artístico vivido pelo autor. A grande maioria são recentes e demosntram o apuro a que chegou a pintura do autor. Particularmente felizes são as pinturas que vão buscar inspiração na obra do poeta António Simões – “Minha Mãe amassa o pão”, numa demonstração de grande afectividade de Carlos Godinho para com o poeta.
Que esta seja uma de várias colaborações entre a Câmara, através do seu Museu, e Carlos Godinho.
Hugo Guerreiro (Director do Museu Municipal de Estremoz Prof. Joaquim Vermelho)
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"VISÕES... deCOR"
Olhar... contemplar uma tela branca... visionar o espaço e dar-lhe cor é o trabalho que apresento nos Açores, mais concretamente, na Cidade da Horta.
Cada quadro, é o retirar de um número infinito de imagens o que de mais puro elas possam trazer. O aproveitar das formas, o escolher das cores e o aceder ao conteúdo é o que faz crescer as minhas "VISÕES...". De outra forma, é o puro diálogo entre o real e o imaginário. Resumindo é a leitura "...deCOR" do consciente assustado, visionário e contemplativo. Desta forma crio um conteúdo traçado à medida de cada tela.
Os trabalhos que mostro, nas Antigas Instalações do Banco de Portugal, na Horta são um percurso simples, entre o passado recente e o presente.
Fico grato por ter esta oportunidade de mostrar parte do meu trabalho na Ilha dos Viajantes, com a cidade virada para o ponto mais alto de Portugal.
Finalmente gostava de agradecer ao Município da Horta, na pessoa do Presidente João Azevedo e Castro e do Vereador da Cultura Rui Gouveia dos Santos, por me terem proporcionado este momento, sabendo que é a minha primeira exposição nos Açores.